Fundando uma vila evangélica

 


 Rua da Fé, na Vila de Gameleira, Goiás

A vila de Gameleira é atualmente o Município de Cristianópolis, no Estado de Goiás. Era inicialmente uma vila evangélica, cujas terras foram doadas à Missão da qual o Reverendo Frederick Charles Glass (1871-1960) fazia parte. Frederick Charles Glass foi quem pregou para o fazendeiro que, após se converter à fé evangélica doou as terras para a referida Missão.

Num pequeno artigo de autoria de Frederick Charles Glass intitulado Founding a Gospel Village, publicado no periódico The Herald of Gospel Liberty, de 24 de Novembro de 1910, p. 1494, o Sr. Glass assim narrou o começo de Gameleira: “Numa pequena cidade... chamada Santa Cruz, a 160 milhas distante de qualquer estrada de ferro, no coração do Brasil, onde apenas a regra sacerdotal fora a iluminação do povo por quatro gerações, o Evangelho está sendo cantado e pregado em meio às trevas e superstições... muitos já aceitaram e voltaram os seus passos para o Caminho da Vida. Certa noite, o missionário viu um estranho entrar na pequena cabana onde suas reuniões estavam sendo realizadas. Um pensamento passou por sua mente: ‘Talvez eu nunca mais veja este homem’, e, então, direcionou a mensagem diretamente ao coração daquele homem. O estranho esperou até mais tarde, e decidiu aceitar o Salvador. No dia seguinte, retornou para sua fazenda, a vinte e cinco milhas de distância, depois de exigir do missionário a promessa de visitar seu distrito. Duas semanas depois, a promessa foi cumprida e, como resultado da visita, quatro famílias de agricultores se arrependeram, creram, e foram batizadas. Nesta época irrompeu uma feroz perseguição contra os crentes em Santa Cruz, e muitos fugiram, para encontrar paz na pequena comunidade de Gameleira, onde foram alegremente recebidos pelo seu novos fazendeiros, irmãos em Cristo. Depois, um destes fazendeiros, um homem idoso, de grande família e possuidor da melhor casa e melhor propriedade do distrito, desejando oferecer o melhor ao Senhor, doou um grande trato de terra para uso daqueles irmãos que se propuseram a vir e morar lá. Também cedeu sua melhor sala para os cultos evangélicos. A oferta foi aceita pela nossa missão, a qual esta terra foi escriturada em perpetuidade, e logo um pastor brasileiro e sua esposa, pastor experiente e convertido treinado na Missão, foram enviados para assumir o comando. Então a vila surgiu, composta inteiramente de cristãos. O pedaço de terra foi demarcado em ruas, sendo o centro reservado para a igreja, que já está com a sua estrutura e paredes de pé, erguida pelos mesmos lavradores que trabalham arduamente, sendo a maior parte da despesa e materiais uma oferta de um ou de outro deles. Uma alinhada fileira de dez cabanas de palha já ladeiam uma rua de nome ‘Rua da Fé’, e, caminhando pelo caminho escuro e arborizado que leva a esta vila evangélica, recebe-se o vislumbre das lamparinas nativas e o som do cântico de uma cabana ou da conversa séria de outra cabana, pois esses crentes humildes e simples contam como seu momento mais feliz, quando voltam de seu árduo dia de trabalho no campo, conversar entre si sobre as coisas espirituais e seu significado, suas bênçãos e o trabalho entre aqueles que são ‘de fora’. A vila, conhecida como Gameleira, está sob a direção do pastor nativo e de um conselho da vila, e não é permitido beber ou fumar ‘por qualquer um que lá habite’. A escola da aldeia é dirigida pela esposa do pastor e uma biblioteca está começando, que significa muito para suas mentes simples e sem instrução... Este verão acontecerá a primeira competição de horticultura a ser realizada na vila, provavelmente a primeira do tipo realizada no Brasil. Este pequeno local, com a luz pura e forte da verdade e justiça do Evangelho, está irradiando essa luz para muitos lugares ao redor. Foi preciso abrir outra estação, a trinta milhas de distância, onde se fez sentir a influência de Gameleira, e surgiu uma igreja na qual pudemos colocar outro pastor nativo.”

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