Mikhail Ivanovich Khorev (1931-2012)

 

                            Mikhail Ivanovich Khorev (1931-2012)

Mikhail Ivanovich Khorev (1931-2012) foi um pastor batista que foi duramente perseguido pelo regime soviético por causa de sua fé. Seu pai e seu avô também sofreram várias condenações por causa de sua fé.

Mikhail Khorev escreveu o livro Letters from a Soviet Prison Camp, narrando o seu testemunho pessoal, além de detalhes de sua vida antes de ir parar nas prisões comunistas soviéticas. Em 19 de Maio de 1966, o Pastor Khorev foi levado à prisão por causa de sua fé. Cumpriu pena de 1966 a 1968. A segunda fase de condenação à prisão por não desistir de sua fé, veio de 1969 a 1972. Em 28 de Janeiro de 1980, Mikhail foi novamente preso, desta vez em Leningrado. A libertação do Pastor Mikhail Khorev veio em 1986.

A Revista Lighted Pathway, de Março de 1985, p. 20-21, traz este relato pessoal do Pastor Khorev: “Jamais esquecerei o dia em que recebi minha primeira sentença de prisão por servir a Jesus Cristo. A sala do tribunal estava cheia de pessoas, incluindo muitos amigos que deram suas bênçãos de despedida enquanto eu era levado: ‘Seja forte e corajoso!’. Essas foram palavras tremendas que me deram grande esperança. Mas não percebi o que mais Deus havia planejado para mim antes do final daquele dia para me dar a coragem necessária para sobreviver numa brutal prisão soviética. Quando a van que foi designada para me levar à prisão finalmente estacionou no tribunal, muitos prisioneiros já estavam amontoados lá dentro. Eu estava me preparando para subir a bordo quando alguns amigos gritaram palavras finais de encorajamento para mim e jogaram flores em minha direção. Os guardas ordenaram que eu segurasse minhas mãos atrás das costas para não alcançar as flores. Antes que os guardas finalmente fechassem a pesada porta de aço da van, alguém me jogou um buquê de flores, mas as flores se espalharam pelo chão e foram rapidamente agarradas pelos outros prisioneiros. Cada prisioneiro tinha pelo menos uma flor, menos eu. Tudo o que consegui encontrar foi o cordão que prendia o buquê... Em não mais de quinze minutos chegamos a outro tribunal, onde uma jovem, cerca de 25 anos, foi colocada a bordo e trancada num compartimento separado... De repente, alguém sugeriu: ‘Vamos dar flores para nossa amiga!’. Os homens rapidamente recolheram as flores e remontaram o buquê para o guarda entregar à mulher. Ela ficou surpresa. ‘Como vocês homens conseguiram flores tão bonitas?’, ela perguntou. ‘Nós não sabemos. Elas foram jogadas para alguém.’ ‘De quem são essas flores?’, ela passou a perguntar para cada homem... Quando ela perguntou para mim, tive que responder: ‘Elas são minhas.’ ‘E por que elas não estão com você?’ ‘Meus amigos as jogaram para mim, mas não tive como pegá-las.’ ‘Por que você foi julgado? Ninguém ganha flores num julgamento!’. ‘Meu julgamento foi aparentemente uma exceção.’ ‘Mas, por que você foi julgado?’... Eu tive que confessar: ‘Por servir ao Senhor. Sou cristão.’[...] então, ela fez muitas perguntas sobre a Bíblia antes de finalmente descobrir que eu era pastor. Ela então fez um pedido simples: ‘Dê-me a sua palavra de que você vai orar por mim hoje. Eu também sou um ser humano e preciso muito da salvação de que ouvi falar. Fui criada em um orfanato e só agora ouvi falar de Deus. Eu também quero vida eterna'... Finalmente, chegou a hora de sair da van e entrar no que seria minha casa por vários anos. Um guarda abriu o portão quando finalmente entrei na temida prisão de Lefortovo, em Moscou... o tempo todo segurando meu buquê de flores machucadas e murchas que há muito haviam perdido sua beleza terrena. O guarda me parou. ‘Qual é o significado disso, vir para a prisão segurando flores?’. ‘Meus amigos me deram’, respondi humildemente... ‘Você pode trazê-las aqui? Jogue-as fora neste instante!’. Então, cuidadosamente as coloquei na beirada de uma grande lixeira, como se aquele recipiente fosse um belo vaso de cristal. Após minha libertação anos depois, revisitei os portões da prisão e fiquei em silêncio, sentindo profunda emoção e gratidão, no local onde ficava aquela lata de lixo. Há muito tempo transformadas em pó, aquelas flores foram usadas por Deus para me encorajar na minha hora mais sombria. Eu nunca mais vi aquela mulher que pediu minhas orações...  Talvez nos encontremos novamente no reino de Deus, no futuro.”

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