Ethel Canary e os índios Nhambiquaras

 

Ethel Canary (1894-1955)

Ethel Marian Canary (1894-1955), ainda jovem dedicou sua vida ao serviço missionário. Quando era estudante no Instituto Bíblico Moody, conheceu e se apaixonou por Arthur Francis Tylee (1896-1930).

Após um período de trabalho missionário entre os acometidos de lepra no Paraguai, Ethel e Arthur Tylee vieram para o Brasil trabalhar entre os índios Nhambiquaras.

Na cidade de Corumbá, Mato Grosso do Sul, Ethel Canary e Arthur Tylee se casaram em 1925. Então, o jovem casal de missionários evangélicos partiu para o seu campo de missão sob os auspícios da Inland South American Missionary Union, a cidade de Juruena, Mato Grosso.

Numa carta escrita por Ethel Canary depois de chegar a Juruena, ela narra para sua família como estava sendo a construção da casa que serviria de lar para ela e seu marido: “A construção da casa vai indo de modo constante, ainda que lenta, pois temos somente dois ajudantes conosco, Joaquim e Raimundo... nesta data todas as madeiras pesadas para a casa estão cortadas e preparadas. Só resta necessário carregá-las para o local para então começar a atual construção. Temos alguns bois e um carro para transportar as madeiras. Em conjunção com esta tarefa, estamos fazendo a mobília para a casa. Somente umas poucas peças de mobília rústica...” (St. Louis Post-Dispacht, 30 de Novembro de 1930, p. 04)

Sobre os costumes dos índios Nhambiquaras, a missionária Ethel Canary relata em cartas o que via do modo deles de viver: “Os Nhambiquaras dependem da caça e pesca para seu suprimento de comida. A maior parte da comida deles pode ser muito repulsiva para nós, como, por exemplo, gafanhotos, insetos e lagartixas. Num lugar, ofereceram a nós um belo bolo de minhocas assadas... A maioria deles cultiva um pouco de milho, umas poucas batatas, e dois tipos de raízes comestíveis chamadas cará e mandioca...” (St. Louis Post-Dispacht, 30 de Novembro de 1930, p. 04)

Em 1927, num período de férias nos Estados Unidos, Ethel Canary e Arthur Tylee tiveram uma filha chamada Mariana. Ao retornaram ao Brasil, veio junto com eles, a enfermeira e missionária Mildred Pauline Kratz (1899-1930).

Na estação da missão, havia um ambulatório, onde alguns índios da tribo Nhambiquara foram atendidos com os recursos médicos disponíveis, porém uns deles faleceram depois dos cuidados médicos. O falecimento desses índios provocou a ira de um grupo de índios Nhambiquaras que invadiu a casa da missão da Inland South American Missionary Union, em 03 de Novembro de 1930, e assassinou o missionário Arthur Francis Tylee, sua filha, a pequena Mariana com dois anos e quatro meses de idade, a enfermeira Mildred, e matou também os brasileiros Maria Plácido, Maria Salomé, e uma criança, o menino Plácido.

Ethel Canary, quando golpeada, desmaiou, e seus agressores achavam que ela morreu. Mas, ela sobreviveu e percorreu cerca de um quilômetro até chegar à estação telegráfica, onde foi socorrida pelos funcionários que lá estavam, e enviou aviso para a sede da missão Inland South American Missionary Union, e para seus familiares, informando sobre os fatos ocorridos em Juruena.

Mildred Kratz, Rev. Arthur F. Tylee, Ethel e sua filha Mariana

Recorte de  St. Louis Post-Dispacht, 11 de Novembro de 1930, p. 01-6B

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