Julian Hernandez: levando a Bíblia para sua Pátria

 


Por ter abraçado os ideais da Reforma Protestante, Julian Hernandez (?-1560), nascido no século XVI em Castilla la Vieja, Espanha, almejava contribuir com a evangelização de sua Pátria. Em Frankfurt, Alemanha, ele foi diácono na Igreja dos refugiados valões. “Tendo deixado Sevilha, na qualidade de comerciante, foi para a Alemanha, onde se confirmou nos princípios reformados; posteriormente juntou-se a Juan Perez em Genebra, a quem serviu na qualidade de amanuense e corretor de imprensa.” (Wiffen, Benjamin Barron. Obras antiguas de los españoles reformadores. Londres, Inglaterra: S.&J. Bentley, Wilson, and Fley, 1848, p. XIV)

Com o anseio de ver sua terra natal evangelizada, em 1556, Julian Hernandez encheu dois barris com Novos Testamentos, Salmos, e literatura evangélica, tudo considerado livros proibidos pela Inquisição. Assim, em Julho de 1557, chegou a Sevilha, Espanha, Julian Hernandez e seus barris de livros contrabandeados, já que os mesmos eram tidos como ilegais pelas autoridades civis, judiciárias, e eclesiásticas.

Julian Hernandez estava em Sevilha para trabalhar como revisor de livros publicados naquela cidade. Os livros proibidos que trouxera foram distribuídos, muitos deles, no Convento de São Isidoro, que ficava nas cercanias de Sevilha.

Julian foi recomendado a um fidalgo, Juan Ponce de Leon, e trouxe sobre sua mula para a cidade os ditos livros, os escondeu na casa de Juan Ponce de Leon, e os distribuiu no dia seguinte.

Por um triste engano, Julian Hernandez entregou uma carta e uma edição do livro “A imagem do anticristo” para o Padre Gonzalez, ao invés de entregar para o homônimo do padre, D. J. Gonzalez, pregador que esperava por este livro.

Por este equívoco, o colportor Julian Hernandez foi denunciado à Inquisição, entregue ao tribunal do Santo Ofício, quando estava na Sierra Morena, local a 30 léguas de Sevilha. Em 07 de Outubro de 1557, Julian Hernandez foi trancafiado no Castelo de Triana.

“Eis aqui o informe do inquisidor de Sevilha, ao seu colega de Granada: ‘Em Julho de 1557, chegou aqui, vindo da Alemanha, um espanhol pouco douto, porém grande luterano. Trazia cartas e livros proibidos, mui prejudiciais para muitos indivíduos desta cidade...” (El Bautista, nº 06, 23 de Junho de 1910, p. 84)

O inquisidor queria os nomes daqueles que receberam os livros proibidos de Julian Hernandez, mas nenhuma delação foi feita pelo colportor Julian.

Julian Hernandez foi condenado à fogueira. “Ao sair da prisão para ser conduzido à fogueira, Julián dirigiu a seus companheiros que iriam sofrer o mesmo suplício, estas palavras: ‘Meus companheiros: mantenham-se firmes em vossa resolução, pois agora é quando mais convém que nos mostremos soldados valorosos de Jesus Cristo. Damos à vista dos homens, um testemunho fiel Dele e de Sua verdade, que dentro de breves horas, como compensação, receberemos Dele a prova de sua aprovação, triunfando uma eternidade junto com Ele.” (El Bautista, nº 06, 23 de Junho de 1910, p. 86)

Em 22 de Dezembro de 1560, Julian Hernandez, assim como o pré-reformador John Huss (1369-1415) foi queimado vivo na fogueira.

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