Viajando com a Bíblia pelo Rio Araguaia

 

Canoa navegando pelo Rio Araguaia. Foto: Bible Society Record, Fevereiro de 1928, p. 33

Em 14 de Julho de 1927, colportores brasileiros iniciaram uma longa viagem pelo Rio Araguaia, na região central do Brasil, para vender Bíblias, e estes relatos foram publicados na revista Bible Society Record, Fevereiro de 1928, p. 32-33, relatos estes que foram enviados pelo missionário Hugh Clarence Tucker (1857-1956):

"Recentemente suprimos um de nossos correspondentes com 40 Bíblias, 140 Novos Testamentos, e 1.600 Evangelhos, um total de 1.780 exemplares, para uma longa viagem pelo interior de dois estados ao longo do Rio Araguaia, e combinamos ajudá-lo com as despesas. Ele acabou de escrever: 'Após uma ausência de seis meses e quinze dias, estou novamente em casa. Deus me abençoou ricamente em toda a viagem, e em tempos de perigo, suas promessas foram totalmente comprovadas. Cento e oitenta léguas foram feitas em mula, antes de chegar ao Rio Araguaia. Tive o prazer de batizar 29, e receber outros em profissão de fé. Muitas vezes eu dormi no chão, a comida às vezes era apenas queijo e rapadura. No dia 14 de Julho, eu comecei a descer o Araguaia em um pequeno barco de vinte pés. Depois de visitar muitas aldeias indígenas, enviei o barco e o equipamento de volta, e continuei descendo o rio com os índios Carajás até Conceição. Ali, eu encontrei dois homens que me levaram até Marabá, no Tocantins. Então, uma canoa me levou até as grandes corredeiras. Mas, como ela encalhou em um lugar raso, com outros dois homens, arranjamos outra canoa para nos levar até Patos, onde pegamos um barco a vapor para Belém. Em Marabá, comecei a ter febre, que durou, em intervalos, por quase dois meses. Falta de comida apropriada, e as terríveis corredeiras foram os perigos sérios encontrados. [...]. Enquanto descia o rio, passei um tempo considerável com os índios e fiz bons amigos em muitos lugares. [...]. Tivemos um longo e terrível dia de cavalgada, e ficamos muito gratos por chegar, um pouco antes do anoitecer, num bom lugar de descanso.[...]. Achamos melhor apenas realizar uma pequena reunião antes de nos recolhermos. Alguns hinos foram cantados e uma passagem de Sua preciosa Palavra foi lida. Aqui a reunião realmente começou. Tornou-se tão fácil pregar o Evangelho. Os sentimentos de cansaço se dissiparam [...]. Cantamos nosso hino final e pedimos a bênção de Deus. Mas não estava terminado. Tínhamos conosco cerca de trinta Evangelhos e apenas um Novo Testamento. Quando as pessoas de nossa congregação os viram, clamaram para possuir uma cópia. Os Evangelhos foram distribuídos gratuitamente até que não sobrou nenhum. [...]. Nossos cavalos já estavam selados, pois tínhamos que seguir para o nosso destino, as aldeias indígenas. Justamente quando estávamos prestes a dizer adeus, um moço  inteligente veio correndo até nós. Ele, quase sem respirar, perguntou o preço do Novo Testamento, que era Rs. 1$000. Com um sorriso largo, misturado a um pequeno suspiro de alívio, ele orgulhosamente portava a quantia necessária, que era tudo o que possuía. Ele pegou o livro, como se tivesse medo de que ele subisse de preço, e saiu correndo com seu tesouro inestimável. Nós partimos dali com sentimentos mistos: com alegria em nossos corações, por causa da maravilhosa recepção de Sua preciosa Palavra, e tristes, por causa das multidões que ainda não conhecem e ainda não receberam uma única porção da Bíblia."

Colportores se preparando para a viagem. Foto: Bible Society Record, Fevereiro de 1928, p. 32

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