Martinho Luthero, o reformador (Aloysio Araujo)

 

Martinho Lutero (1483-1546)

"Martinho Luthero Nasceu em Eisleben, no dia 10 de novembro de 1483. Em 1501 bacharelava-se em filosofia. Destinava-se a advocacia, mas a impressão causada pela morte de um de seus amigos, levou-o a abandonar o mundo e refugiar-se num convento. Sete anos após esta resolução vamos encontrá-lo como lente de Teologia da Universidade de Wittenberg. Interpretava com sapiência as Sagradas Escrituras, comprazendo-se em explicar a Epístola aos Romanos. Embora obediente a religião que professava, tornou-se adversário de Roma.

O papa Leão X, descendente da famosa casa de Medieis, desejando angariar dinheiro para continuar as obras da Catedral de São Pedro, começada a edificar por Júlio II, decretou uma venda geral de indulgências. Tetzel, frade dominicano, a quem a bula pontifícia autorizava a absolver os pecados, fez um tão escandaloso uso dessa autorização que Luthero não poude mais suportar o bradar da consciência e, em 31 de outubro de 1517, afixou na porta da Igreja principal de Wittenberg um papel contendo noventa teses contra as indulgências. Foi intimado a comparecer à presença do Cardeal Caetano, o qual lhe exigiu uma retratação de suas teses, não conseguindo, porém, seu desejo, pois Luthero continuou firme no que afirmara.

O papa recorreu a Carlos V a fim de obrigar a Luthero a emudecer, mas muitos já se haviam tornado seus adeptos. Por fim foi convocada a Dieta Imperial — a reunir-se em Worms, tendo sido intimado a comparecer, a qual tornou-se infrutífera no que diz respeito à sua retratação do que havia proclamado. Regressava a Wittenberg quando foi detido na floresta de Eisenach, por ordem do príncipe da Saxonia, seu verdadeiro amigo, e conduzido ao velho castelo de Wartburg, antiga residência de Isabel da Hungria, a fim de furtar-se as pesquisas de seus perseguidores. Permaneceu no castelo cerca de um ano, abandonando-o por achar sua presença necessária em Wittenberg. Com a coadjuvação de Melanchton o Novo Testamento, findo o qual começou a tradução do Antigo, apresentando ao povo alemão uma Bíblia em linguagem accessivel a todas as classes.

Em julho de 1525, desposou a ex-freira Catharina de Bora, que fugira do convento e se refugiara em Wittenberg, de cuja união nasceram três meninos e duas meninas. O eleitor João da Saxonia, que havia sucedido a seu irmão, Filipe, o landgrave de Hesse, e outros príncipes alemães, tinha tão ousadaraente professado a fé evangélica que Fernando, irmão de Carlos V, hesitou em condenar, segundo as instruções dêsle, todos aqueles que não quizessem submeter-se ao édito de Worms. No entretanto, o imperador teve uma questão com o papa, e por sua instigação concedeu uma tolerância temporária a todos os que professassem a religião evangélica. Em 1529, reuniu-se novamente a Dieta em Spira, e decretou a cassação de uma grande parte dos privilégios que se lhes concedera. Foi nessa ocasião que os adeptos da Reforma fizeram o célebre protesto que lhes alcançou o cognome de PROTESTANTES, É de sua autoria o hino oficial da Re forma — "Castelo forte é nosso Deus".

Tendo ido a Eisleben para reconciliar os condes de Mansfeld, que se haviam indisposto um com outro, e agravando-se o mal que o acometera, faleceu nesta cidade, em 18 de fevereiro de 1546. Antes de transportar-se à eternidade proferiu em latim estas palavras do seu evangelho favorito: "De tal maneira amou Deus ao mundo que lhe deu o Seu Filho Unigênito, para que tôdo o que crê Nele não pereça, mas tenha a vida eterna" — João III — 16." 


(ARAUJO, Aloysio. Martinho Luthero, o reformador. O Exemplo, nº 55, Novembro de 1949, p. 03)

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